Maria e João – O Conto das Bruxas (Um Conto Sombrio e Assustador)
Na verdade, esse é o tipo de joia discreta e despretensiosa que os fãs de terror estão sempre procurando, mas raramente encontram, uma que seja concebida de maneira inteligente, visualmente estilosa e genuinamente assustadora. Como se pode deduzir dos nomes no título, o foco desta versão, talvez o mais sombrio de todos os contos de fadas dos irmãos Grimm, está em Maria (Sophia Lillis), que é retratada aqui vários anos mais velha que o irmão João (Samuel Leakey) e quando ela precisa sair em busca de trabalho para sustentar a si mesma, o irmão e sua mãe insana, ela encontra apenas exploração e assédio. Expulsos de casa pela mãe perturbada eles saem em busca de abrigo e alimento por um cenário devastado pela pobreza e miséria humana. Desse ponto em diante o que se segue são os eventos da jornada do clássico João e Maria, mas não esqueça, o foco como alude o título, é a irmã mais velha.
E quando tudo parece perdido para os dois, eles tropeçam em uma casa no meio do nada e espiam pela janela um banquete luxuoso e aparentemente apetitoso na mesa, esperando alguém comer. Esta é a casa de Holda (Alice Krige), uma estranha mulher mais velha que convida os dois para comer e se abrigar. Enquanto João está mais preocupado em encher a barriga do que qualquer outra coisa, mesmo quando sua anfitriã parece cheirar seus cabelos, Maria percebe que coisas estranhas estão acontecendo. A casa parece muito maior por dentro do que aparenta por fora. A enorme propagação de alimentos parece nunca diminuir, apesar da falta de empregados e um pomar nos arredores da casa. E embora Maria sempre tivera sonhos e premonições estranhas, eles decidem permanecer mais tempo na casa, a partir daqui você pode começar a deduzir o que vai ocorrer em seguida mas o roteiro dessa história preparou algo diferente dessa vez.
Que tal uma espiada pela casa de doces e gostosuras na floresta?
Maria e João é o terceiro filme do diretor Osgood Perkins, cujos esforços anteriores incluem A Enviada do Mal (2015) e I Am The Pretty Thing That Lives In The House (2016 sem título traduzido no Brasil). Nenhum desses filmes funcionou bem para mim, admito, mas eles fizeram o suficiente para sugerir que ele era uma nova e intrigante visão no cinema de terror psicológico, que a qualquer hora poderia acertar a mão em um material de qualidade e uma boa história. Com este filme, ele fez isso e os resultados são surpreendentemente bons. O roteiro de Rob Hayes pega a narrativa familiar e encontra uma nova abordagem, inclinando-se para uma abordagem feminista do conto, que às vezes não é exatamente sutil (sua passagem simbólica da infância para a puberdade é prefigurada pelo aparecimento de uma longa vara ou cajado mágico de madeira e uma gosma viscosa misteriosa que talvez seja o toque mais exagerado da história) mas oferece uma inclinação audaciosa e muitas vezes surpreendente no enredo. Por mais que se trate de uma história de horror, essa perspectiva permite que o filme também funcione como uma história de amadurecimento, de uma jovem que gradualmente percebe que ela tem poder, e pode usá-lo para fazer um caminho para o futuro e moldar um mundo ao seu próprio design.
Muitos dos outros elementos do filme também se destacam de maneira inesperada e recompensadora. Visualmente, o filme é um constante baque, já que Perkins e o diretor de fotografia Galo Olivares lhe conferem uma aparência hipnótica e elegante, de uma Europa fria e impiedosa, com florestas sufocantes e recortes tenebrosos, com árvores frondosas e penumbra fantasmagórica bem ao estilo A Bruxa (2015) de Robert Eggers, e uma trilha que acrescenta uma camada de inquietação constante em toda a experiência. Some-se a isso a performance dos atores principais que são fortes e seguras, e não demonstra aquele desinteresse habitual em filmes com narrativa espaça, tornando o filme moderadamente sério, com alguns lapsos de humor.
Maria e João – O Conto das Bruxas, talvez seja um filme que se encaixa melhor em salas e em festivais de cinema de arte. Não é um filme que vale a experiência em uma sala ultramoderna de cinema, porque é um filme silencioso, inquietante e lento, e com certeza um público mais desatento que espera ver cenas alucinantes e bem frenéticas pode se decepcionar, então a dica é deixar de lado o celular e as redes sociais e as constantes dedilhadas no WhatsApp, pois do contrário qualquer detalhe perdido pode significar um desagradável experiência ao final do longa.
Por Ricardo França
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