Mais uma vez a Disney traz um dos seus clássicos para a versão live-action, e por mais que as críticas tenham sido pesadas com relação às adaptações anteriores as bilheterias sempre encorajavam os estúdios a continuar dando vida às animações de sucesso. Porém com Mulan os problemas seriam maiores, poucos meses antes da estreia mundial do filme uma pandemia iria alterar todo o calendário de lançamentos dos cinemas no mundo inteiro. Cinco meses depois o estúdio resolveu lançar o filme no seu mais novo canal de streaming a Disney+ (indisponível ainda na América latina) o filme entrou como um conteúdo premium dentro da plataforma, ou seja além da assinatura que custa cerca de U$ 10 os usuários ainda precisaram desembolsar mais U$ 30 doletas algo perto de R$ 160 reais, para assistir ao filme, e por mais que o orçamento do filme tenha ultrapassado as casa do U$ 200 milhões os críticos independentes avaliaram de forma negativa a produção.
A História Por Trás da Lenda – A Balada de Mulan
Os relatos sobre Hua Mulan (ou Fa Mulan), uma guerreira que se disfarça de homem e vai para a guerra, começaram a ser contados em um poema chinês datado do século VI d.c., chamado “A Balada de Mulan”. Embora a existência histórica dela nunca tenha sido comprovada, diz-se que ela teria vivido entre os séculos IV e V d.c., tendo seus feitos enaltecidos em histórias orais e no dito poema. Na primeira adaptação da história a animação de 1998 ganhou contornos de fantasia com elementos e criaturas fantásticas, canções e traços de um clássico de animação tradicional da Disney.
E é claro que muita gente ficou na expectativa de ver algumas referências da animação nessa nova versão do filme, porém a decisão do estúdio era trazer algo menos fantasioso e mais atual. Alguns personagens como o dragãozinho Mushu e Gri-li foram suprimidos, as músicas e situações cômicas também ficaram de fora, e a ideia era trazer uma versão com mais ação, aventura e drama, com ares de um épico de guerra.
O Erro Fundamental do Filme
A aposta de trazer um épico inspirado nos clássicos de ação chinesa é o que mais chama atenção no filme, é possível pescar alguma coisa de O Tigre e o Dragão (2000) e o Clã das Adagas Voadoras (2004) contudo, a ação precisava ser comedida, pois se trata de um material destinado ao público de todas as idades, e talvez esse seja um dos primeiros problemas do filme, que não explora de forma correta e convincente, as cenas são picotadas e com cortes que tiram todo o brilho e a plasticidade e ritmo das lutas, e mesmo com atores como Donnie Yen e Jet Li no elenco, nada foi aproveitado, ignorando por completo o domínio das artes marciais desses atores, e se não bastasse, a produção extrapola muito nas cenas e nas acrobacias em bullet time (efeito de câmera lenta estilo Matrix). E é difícil conceber a ideia de um elenco onde a maioria dos atores é oriental com tamanho abuso de recursos artificiais em cenas de luta.
Mas tudo isso seria superado se a história de Mulan tivesse sido contada de maneira diferente, ou se a personagem tivesse sido desenvolvida na forma de uma verdadeira guerreira, uma soldado, aprendendo, desenvolvendo e superando suas limitações, porém a Mulan que conhecemos no filme já nasceu pronta, e desde as primeiras cenas em que mostra a personagem ainda criança ela já demonstra habilidades e capacidades além do comum, descrita pelo pai como alguém com o Chi (força vital) forte e elevado. Ou seja, a trajetória da personagem é de alguém que precisa esconder seus dons para ser aceita e se confundir com um guerreiro comum, para lutar em uma guerra em que ela facilmente venceria sozinha sem precisar de nenhum exército para apoiá-la.
Por Fora Bela Viola, Por Dentro…
Um dos pontos altos do longa foi de fato a estética e a riqueza dos efeitos visuais da produção, algo que perde um pouco do seu esplendor se visto em uma tela pequena. Mas nem só de esmero visual vive um filme, e os problemas começam a surgir com um roteiro que por preguiça ou descuido não foca no desenvolvimento e na jornada da personagem, tudo acontece de forma entrecortada, desconexa e sem nenhum peso. E se isso já não fosse penoso o bastante o enredo traz um viés politizado e uma insistência gritante e desconfortável de tratar a misoginia, esfregando na cara do espectador o feminismo pedante que mais divide opiniões do que elucida o contexto na história. E para deixar ainda mais entediante as atuações são frias, vazias e sem vigor, e nem mesmo a beleza da protagonista Liu Yifei consegue aplacar a falta de carisma e ausência de sentimento durante as diversas cenas e situações do filme.
Juro que eu gostaria de poder dizer coisas boas sobre Mulan, em um ano com poucos lançamentos e uma produção tão cara, a expectativa era de ver um filme divertido, empolgante que trouxesse não só uma nova roupagem a história, mas um novo significado, algo inspirador com competência e substância. E talvez a crítica possa parecer dura, mas não é possível e nem perdoável ver que os estúdios e a produção torraram mais de 200 milhões para fazer algo genérico, insípido e esquecível.
Por Ricardo França
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