Argentina, 1985
Novamente um filme argentino com boas possibilidades de vencer o Oscar como melhor filme estrangeiro. Anteriormente, em 1985 conquistou o prêmio com “A História Oficial” de Luis Puenzo, um filme que narra a ditadura militar argentina entre 1976 a 1983. Impactando e denunciando as atividades ilegais dos governos militares e que sensibilizou e chamou à atenção as atrocidades cometidas num período obscuro dos países da suposta Operação Condor, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai. O filme é contado pelos vencedores, empresários vinculados com militares que receberam os filhos de desaparecidos políticos para expurgar o comunismo na Argentina. Este filme pode ser assistido pela Netflix e conta com a atuação de Héctor Alterio e da belíssima Norma Aleandro.
O filme “O Segredo de seus olhos” do consagrado diretor Juan José Campanella foi premiado no Oscar de 2010. No elenco, Ricardo Darín, Soledad Villamil e Guillermo Francella. Um drama policial sobre um estupro e morte de uma jovem que sonhava em ser professora e a insistência de um oficial de justiça empenhado em decifrar o crime, o leva a descobrir que a justiça nem sempre vence e que durante regimes autoritários, o pragmatismo das autoridades muitas vezes permite o sadismo e a perversão dos agentes de segurança do estado. Este filme teve um remake americano com um elenco importante como Nicole Kidman e Julia Roberts, com a direção de Billy Ray, roteirista de “Jogos Vorazes” e “Capitão Phillips”, porém não teve a mesma trajetória, nem premiações da versão argentina. Provavelmente faltava o elemento político que envolve o filme na versão de Campanella e que pode ser assistida no streaming Star+.
O filme indicado para o Oscar deste ano é “Argentina, 1985” de Santiago Mitre, novamente um tema político, a história do processo judicial das Juntas de Governo Argentino entre 1976 a 1983. Aquilo que parece impossível nos países do Cone Sul, acontece na Argentina. O fiscal Julio Strassera recebe a missão de acusar as Juntas de Governo pelos abusos ocorridos no período da ditadura. A estratégia e a falta de credibilidade no sistema político que acaba de iniciar com o governo do Presidente Alfonsín. O confronto aos militares e a sede de justiça pelos mais de 25 mil desaparecidos políticos, o esclarecimento dos métodos sistemáticos da repressão e a necessidade de justiça e memória, que se resume em uma expressão que será muito repetida “Nunca Mais”.
O cinema argentino tem uma variedade enorme de temáticas e possui um senso crítico muito peculiar, o que leva a questionar constantemente a sua realidade. Um cinema inteligente, instigante e que constantemente impulsiona sua produção através de uma indústria cinematográfica que sempre é reconhecida com premiações internacionais.
O filme “Argentina, 1985” entra em cartaz ainda neste ano no streaming Prime Vídeo.
Por Francisco Lillo
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