Hoje, esta coluna é sobre o amor. Para abordar um tema tão complexo, escrevo sobre dois filmes: O som do coração (2007) e Extraordinário (2017). Você deve estar se perguntando, o que essas obras têm em comum, são 10 anos de distância entre os lançamentos? Já te conto. Primeiro, os protagonistas têm o mesmo nome. August.
Dois personagens com o mesmo nome, com histórias de vida inspiradoras. Vão te abalar profundamente. São crianças excepcionais. August Pullman (Jacob Tremblay), de Extraordinário, nasceu com uma deformidade genética rara, passou por 27 cirurgias, mesmo assim, elas não o tornaram um garoto comum. August Rush (Freddie Highmore), de O som do coração, é separado da mãe ao nascer e deseja reencontrar os pais, a música irá uni-los.
Outro ponto em comum nos enredos é a presença de um narrador personagem. A escolha desse tipo de narração é assertiva e envolvente, em alguns momentos os cinéfilos mais emotivos podem misturar seus sentimentos aos dos personagens principais. São filmes que falam de empatia.
Extraordinário
Extraordinário ou Wonder (título original em inglês) é uma adaptação do livro homônimo da escritora R. J. Palacio, publicado em 2012. Diferente de algumas adaptações cinematográficas, o filme é bem fiel ao texto literário. Ambos encantadores como sugestiona o título.
August Pullman ou Auggie, aos 10 anos, precisa enfrentar o maior desafio de sua vida, não é mais uma cirurgia plástica, é iniciar os estudos em uma escola regular. Até então sua formação foi toda assistida pelos pais, Isabel Pullman (Julia Roberts) e Nate Pullman (Owen Wilson). O que tem de estranho em um garoto de 10 anos ir à escola? Auggie sofre da síndrome de Treacher Collins, que causa deformação facial.
As pessoas se espantam com a aparência de Auggie que cria um mundo paralelo, usa sempre um capacete de astronauta, presente de Miranda (Danielle Rose Russell). Mas é preciso entrar no mundo real, a escola é assustadora, porém, é um bom começo. O diretor da escola para ajudar August em sua adaptação, convoca três alunos para ajudá-lo Charlotte, Julian e Jack Will.
Julian (Bryce Gheisar) não é tão gentil como parece diante dos adultos. Jack Will (Noah Jupe) enxerga além da aparência de August, o que os torna grandes amigos (comete uma terrível gafe, mas é perdoado). Auggie mostra a todos que sua aparência é apenas um aspecto de sua identidade. Ele é gentil, engraçado, inteligente, o melhor da turma em ciências.
A escola que era um pavor, torna-se local de acolhida. As pessoas amam August e o protegem. Parece que os preceitos do Sr. Browne (Deveed Diggs) são aprendidos por boa parte da turma do 5° ano.
O som do coração
O som do coração ou August Rush (título original em inglês) é sobre Evan Taylor, que recebe o pseudônimo de August Rush, de 11 anos. Morou a vida inteira no orfanato. O amor pela música e o desejo de encontrar os pais o move.
O enredo do filme é encantador, desde o encontro de almas da violoncelista Lyla Novacek (Keri Russell) e do cantor de rock Louis Connelly (Jhonatan Rhys) até o fato do pequeno August (filho do casal) ser um pródigo musical, ter ouvido absoluto.
Na busca pelos pais, August encontra muitas pessoas, O Mago (Robin Willians), o reverendo, a reitora de uma renomada escola de música. Direta ou indiretamente esses personagens ajudam August a compor. Compor, para ele, é uma resposta a eles, aqueles que lhe deram a música. Acredita na música como alguns acreditam em contos de fadas. Música é magia.
“Só o amor constrói pontes indestrutíveis”
Sabe aquelas coincidências que falei no início do texto, elas continuam. Pullman e Rush ouvem com o coração, acreditam na gentileza dos gestos e das palavras, procuram seu lugar no mundo. Têm mães guerreiras. Sobretudo, creem no amor e na sua força. São aplaudidos de pé. Eles vencem o mundo.
“Todo mundo deveria ser aplaudido de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo.” (August Pullman)
E você já venceu o mundo? Acredita no poder invisível do amor?
Por Tálita Borges
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Fiquei com vontade de ver “o som do coração”, quanto ao “Extraordinário”, tanto o livro quanto o filme, são emocionantes!
Obrigada pela visão tão singular da alegoria do capacete, ainda não havia pensado por este prisma, mas faz todo sentido…