Ford vs Ferrari – Adrenalina e Emoção em Alta Velocidade
Ford vs Ferrari é a reconstrução ágil e astuciosa do diretor James Mangold sobre um momento histórico nos anais do automobilismo, e se você é (assim como eu) um pouco ignorante sobre esportes a motor, convém ficar longe de spoilers e deixar o filme lhe convencer. Em um filme de carros onde pressupõe que as máquinas sejam o destaque Christian Bale e Matt Damon, principais atores, são realmente bons e apoiados por um excelente elenco, aliados a uma produção de ponta, que recria com detalhes todo material automobilístico da época, desde a garagem até a pista, tudo pensando e editado para trazer emoção e nostalgia para os fãs de filmes de carros de corrida, nada muito espalhafatoso como em Velozes e Furiosos, mas como boas doses de tensão, adrenalina e emoção.
O cerne de todo o longa consiste no empenho do projetista Carroll Shelby (Matt Damon) e do experiente piloto Ken Miles (Christian Bale) em desbancar a hegemonia da montadora italiana Ferrari, que há anos domina as pistas de uma das maiores competições de corridas norte americanas. Os dois assumem uma comissão concedida por Henry Ford II uma vez que os negócios de sua família estão ameaçados pela dureza e mesmice de seus produtos, que aos poucos vem perdendo o interesse pelos mais jovens, a partir daí surge o plano ambicioso de derrotar o esportivo italiano e emplacar um novo conceito de modelo e tendência no universo dos autos, mas a tarefa não será fácil, e eles precisarão ousar e apostar tudo nessa nova empreitada.
Mesmo com várias diferenças criativas e egos inflados piloto (Bale) e projetista (Damon) entregam tudo para desenvolver um carro superpotente para vencer às 24h de Le Mans
O conflito aludido no título é muito mais ferrenho entre as linhas de montagem de Detroit e as oficinas artesanais de Modena, na Itália do que pela supremacia no mundo das corridas, é meio que um disputa de egos, pois a verdadeira luta é entre os gerentes e burocratas da Ford Motor Company e os dissidentes, cujo trabalho se desenrola na pista com o logotipo da Ford. E certamente a insistência da direção e projetar demais a montadora americana, em uma jornada de superação e reinvenção, tenha trazido a predisposição de caracterizar a Ferrari como uma vilã na história, o que não é muito incomum no cinema de Hollywood, eleger seus desafetos estrangeiros como “inimigos”.
A história não é algo inovador, nem o enredo sugere algo surpreendente, e talvez a análise aqui deva ser mais técnica do que artística, embora o elenco entregue atuações convincentes no melhor estilo “caras legais” (Damon e Bale) típico da masculinidade dominante e salgada da época, com moda e estilos antiquados, eles constroem uma relação sólida e divertida, e todo esse esforço é usado para construir um carro de corrida vencedor da Le Mans para a Ford, é um desafio de engenharia semelhante ao visto no programa Apollo comemorado no “Primeiro Homem” de Damien Chazelle, embora menor em escala. A amizade agridoce entre Carroll, um texano sólido e imperturbável, e Ken, um inglês taciturno e de humor ácido, pode remeter ao vínculo entre os personagens de Brad Pitt e Leonardo Dicaprio em “Era uma vez em Hollywood”. Com uma filmografia quadrada e fechada bem ao estilo dos filmes do final das décadas de 60 e 70.
Duas das maiores montadoras do mundo disputam o topo em uma corrida emocionante e cheia de adrenalina
Ford vs Ferrari não é uma obra-prima, e talvez passasse desapercebido se não tivesse evocado temas tão apaixonantes pela maioria dos marmanjos – homens fortes e obstinados dirigindo carrões potentes, e é um filme, sólido, satisfatório, mas que cai no maniqueísmo industrial, ascendendo velhas rixas entre logomarcas e produtos, Microsoft Vs Apple, Coca cola vs Pepsi e etc. e embora o diretor que tenha no currículo filmes como Logan e Os Indomáveis, senti falta de algo mais autêntico e que não estivesse tão preso aos clichês e referências de filmes e desenhos animados com a mesma temática, aos poucos é possível captar um pouco de nossa memórias ali suscitadas, com momentos que vão de Speed Racer a Corrida Maluca, o que pode incomodar alguns, e que não por acaso podem acabar associando o piloto da Ferrari ao vilão do desenho, Dick Vigarista.
E por fim mesmo que você não seja uma fã de filmes de carros, ou não faz ideia de quem venceu a Le Mans em 1966, às duas horas e meia do filme devem lhe trazer alguma curiosidade.
Por Ricardo França
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