“Shazam!”

O novo filme da DC tinha tudo para ser um grande filme, mas houve alguma falha no processo. O herói não é herói, aliás, ele é um aprendiz de herói, atrapalhado, nada crítico-reflexivo, meio emocional igual seu vilão. Mas claro, “ele é só uma criança”, diriam alguns. O fato é que adolescente ou não, o contexto e a história de vida do Billy não conseguiram convencer o anti-heroísmo de Shazam.

O longa conta a história de Billy Batson, um garoto de 14 anos, que foi teletransportado para um lugar no meio de uma floresta e ganhou de um mago velho o poder de se transformar em um herói num corpo adulto toda vez que ele falar a palavra: “Shazam!”. Só que por trás da personalidade do recém-herói está a personalidade de um garoto abandonado pela mãe, que vive fugindo de orfanatos e não gosta de frequentar a escola.

Nesse contexto, é possível entender porque Billy é nada empático, é introvertido, não usa habilidades lógicas e crítico-reflexivas. E isso tudo é transferido para a sua versão adulta. Como Billy, Shazam, também não sabe ser empático, não vê a necessidade de salvar as pessoas, pelo contrário, as explora, tirando selfies com elas e cobrando por isso. No decorrer do filme, ele aproxima-se mais de seu irmão adotivo, que se torna seu mentor. Aliás, Freddy Freeman conhece mais sobre super-heróis e seus super poderes do que ele próprio.

Freddy e Shazam passam a treinar as habilidades do super herói de roupa estranha e colorida, capa branca, macacão vermelho com um raio dourado no peito, que conta piadinhas toda hora. Com o passar do tempo, Shazam descobre seus poderes, mas só vê a necessidade de usá-los quando o vilão Thaddeus Sivana aparece para roubar os poderes do herói desajeitado.

O que salvou o filme?

Claro, os easter eggs salvaram a DC de mais um fiasco cinematográfico ou pelo ou menos amenizou a (quase) super produção, que não apresenta muitos efeitos especiais, e nem cenas características de filmes 3D. A produção do longa-metragem não soube aproveitar os poderes e habilidades do herói para trabalhar as cenas de efeito especial e colocar o telespectador dentro da telona.

Agora, vamos falar dos “presentes virtuais”. Freddy é um grande conhecedor do universo dos super heróis, por isso, é o grande mentor de Shazam/Billy. Ele é fã do Superman e aparece no filme com camisetas desse herói e também do Aquaman. Em seu quarto, há colecionáveis do homem de aço, um boneco do Batman, HQ’s. Há referência também do filme “Quero ser grande” (1988), contracenado por Tom Hanks. Uma cena bem engraçada é quando Freddy tenta dar um nome para o herói e o chama de “Capitão Faísca dos Dedos” e de “Zaptão América”. O Hadouken de Ryu também aparece no filme.

Ainda há referências ao Rocky Balboa e as suas escadarias preferidas, à amizade entre Superman e Shazam. O grande inimigo de Shazam, o Adão Negro também é mencionado apesar de não aparecer no filme. E também há uma “críticazinha” no segundo pós-crédito de Shazam a Aquaman sobre seus poderes de conversar com animais marinhos. Um pós-crédito bem desnecessário a meu ver, já que Shazam não está à altura de Aquaman, para rebaixar seus super poderes.

“Shazam!”

O herói consegue começar a aprender o que é ser um herói quando descobre que sua mãe realmente o abandonou e seus irmãos adotivos viram reféns do vilão, também rejeitado pelo pai workaholic (e pelo mago Shazam) quando criança. E é no clímax do filme que Shazam descobre o seu maior super poder e consegue vencer o vilão com a ajuda dos irmãos. Aqui a empatia entra em cena e dá um tom mais aceitável ao filme. Numa escala de 0 a 10, o longa da DC, leva um 7.0.

Mas uma coisa não se pode negar. Para os especialistas em memes de plantão, o filme é uma fábrica de memes.

Por Michele Souza

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