Uma mulher do Mundo
Geralmente não leio críticas nem comentários de filmes quando vou ao cinema. Nas minhas estadias em São Paulo, procuro os cinemas onde não passam filmes comerciais. Meus cinemas preferidos são Petra Belas Artes, na consolação, o Itaú Cultural na Augusta e o Reserva Cultural na Paulista, neste último posso assistir a filmes franceses que não estão em cartaz nos cinemas goianos, mas que se tivermos sorte poderiam estar na programação da 15ª Mostra de Cinema: “O amor a Morte e as Paixões” organizada pelo professor Lisandro Nogueira, que em 2023 será realizado no Cinema Cinex que abrirá no Centro Cultural Oscar Niemeyer.
Uma mulher do Mundo (2021), da realizadora francesa Cécile Ducrocq é um drama sobre a prostituição. Marie, interpretada por Laure Calamy, é uma prostituta independente, que não trabalha para ninguém, sua renda lhe permite ter liberdade para manter uma freguesia regular e estável. Sindicalista pelas melhorias nas condições de trabalho e segurança para despenalização da prostituição. O drama não se baseia na difícil vida de uma mulher sem oportunidades profissionais e sim ao conflito com seu filho Adrian, interpretado por Nissim Renard, um jovem de 17 anos que vive em um albergue estudantil. Expulso da escola técnica onde estuda para ser chef. Marie decide colocá-lo em uma escola particular para dar possibilidades de uma vida melhor para seu filho.
O filme não impressiona pelo tema da prostituição, as relações trabalhistas estão bem definidas, não há uma vitimização da personagem pela sua atividade econômica. O conflito do filme, pelo menos na minha visão, esta relacionado com o futuro econômico dos jovens europeus. Na América Latina o futuro econômico dos jovens esta associado ao ingresso e conclusão do curso superior e as complementaridades de mestrado e doutorado. Como pai o tema da rebeldia, falta de expectativas e o futuro dos filhos me emocionou mais do que o preconceito ao trabalho de Marie.
O cinema francês nos proporciona uma estética sensível e intimista, nenhum espectador fica impávido, adora ou odeia. Filmes como “Os Incompreendidos” (1959) de François Truffaut, “Todas as manhãs do mundo” (1991) de Alain Corneau, “Baise-moi” (2000) de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi, “Entre os muros da Escola” (2008) de Laurent Cantet e finalmente “Azul é a cor mais quente” (2013) de Abdellatif Kechiche. Filmes franceses com o tema sobre o futuro dos jovens em uma sociedade tão complexa e cosmopolita como a francesa.
Cinema é vida. O Cinema Francês é uma experiência intimista e crua da realidade.
Por Francisco Lillo
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